“Mas toda a gente já sabe o que quer...” a armadilha da comparação silenciosa

Há uns meses, numa sessão individual, uma pessoa desabafou algo que me ficou cravado:

“Ricardo, eu olho à volta e parece que toda a gente já sabe o que quer da vida. Menos eu.”

Ficámos em silêncio uns segundos. Não por falta de resposta, mas porque senti que aquela frase merecia ser ouvida sem pressa. Disse-lhe que já ouvi essa frase vezes sem conta. E que, inclusivamente, já a pensei.
Muitas vezes.

Vivemos rodeados de timelines, anúncios de conquistas, partilhas de “mudanças de vida”, promoções, viagens de autodescoberta, novas formações. E claro: tudo parece acontecer com uma leveza e convicção invejáveis. A nossa mente rapidamente começa a montar o puzzle:
"Se ele já sabe o que quer, e ela também, e aquele colega também… então o problema sou eu?"

Não. O problema não és tu. O problema é esquecermos que estamos a comparar os bastidores da nossa vida com os palcos cuidadosamente preparados dos outros.

A verdade é que a maior parte das pessoas está, como tu, a tentar perceber. A explorar. A ajustar. Só que nem toda a gente o diz. E como o silêncio pesa, preenchemos com suposições.

Ninguém tem tudo resolvido. Nem aqueles que parecem ter. Há dúvidas camufladas, medos bem vestidos, inseguranças por detrás de sorrisos confiantes.
Todos carregamos um certo grau de confusão. E tudo bem com isso.

A comparação tem este efeito traiçoeiro: além de nos fazer sentir em desvantagem, ainda nos impede de escutar a nossa própria bússola. Ficamos tão focados no caminho dos outros, que deixamos de confiar no nosso.

O insight que quero deixar é este: O teu tempo não é o tempo dos outros. E não tem de ser. E o teu caminho não tem de parecer com nenhum outro para ser válido.

Na dúvida, volta ao início. Pensa: o que é que tu precisas agora? Não amanhã. Agora.
Porque é daí que começa um caminho mais verdadeiro. não dos outros, mas teu.

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