Mudança não é so começar… é aprender a deixar para trás

Quando pensamos em mudança, o foco vai sempre para o que vem a seguir. O novo emprego. O novo projeto. A nova cidade. Até o novo “eu”.

Mas o que raramente falamos é sobre o que fica para trás.

Uma vez, acompanhei uma pessoa que estava a mudar de carreira depois de 15 anos na mesma área. Estava feliz com a decisão, entusiasmada até. Mas ao mesmo tempo, sentia uma tristeza que não conseguia explicar. Chegou a partilhar comigo “É como se estivesse a trair a minha versão antiga. Como se estivesse a abandonar uma parte de mim que me trouxe até aqui.”

E percebi: mudança não é só avançar. É também despedir-nos.

E despedir dói. Mesmo quando estamos a despedir-nos de algo que já não nos faz bem. Porque aquela rotina, aquelas pessoas, aquele papel que desempenhávamos… durante muito tempo foram o nosso lugar seguro. Representavam estabilidade, identidade, pertença.

Por isso, mudar envolve uma espécie de luto. Um luto silencioso, porque não é por alguém, mas por uma versão de nós que já não vai existir da mesma forma.

E esse luto é necessário. Porque se não o vivemos, arriscamos levar o passado às costas para o novo caminho. E isso pesa. É como tentar caminhar com uma mochila cheia de coisas que já não precisamos, mas que temos medo de largar.

A verdadeira mudança começa no momento em que aceitamos que não podemos levar tudo connosco. Que, para dar espaço ao novo, precisamos de soltar o antigo. Isso pode significar abrir mão de uma identidade profissional, de hábitos que já não nos servem, ou até de relações que não acompanham a nossa evolução.

Se é duro? É. E digo que é porque já o tive de fazer. Mas é também libertador.

A pergunta que te quero deixar hoje é: “O que é que eu preciso de agradecer e deixar ir, para abrir espaço ao que vem a seguir?”

Mudança não é apenas sobre coragem para avançar. É também sobre maturidade para fechar ciclos. E só quem aceita esse processo de despedida consegue viver o novo capítulo de forma plena.

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